quarta-feira, 6 de maio de 2020

#301 - ELEGIA DA DISTÂNCIA (Afonso de Castro)


A Teixeira de Pascoais


Rios de Trás-os-Montes, a rezar
A elegia dum sonho que morreu...
Sonâmbulas montanhas, onde o luar
É um anjo imenso errando pelo céu;

Melancólicos vales, onde o mar
Seu miserere trágico escondeu,
Onde, como um assombro, a cogitar,
Paira o vulto espectral de Prometeu;

Sou um fantasma errante do Marão,
Vestido de penumbra e solidão,
Que, em poeira de estrelas, se dilui...

Minha presença é feita de lembrança,
E ando, de noite, enfermo de esperança,
A interrogar a sombra do que fui.



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