quarta-feira, 3 de junho de 2020

#318 - FLORESTA CONVULSA (Alberto de Oliveira)

Floresta de altas árvores, escuta:
Em minha dor vim conversar contigo,
Como no seio do melhor amigo,
Descanso aqui de tormentosa luta.


Troncos da solidão intacta e bruta,
Sabei… Ah! que, porém, como um castigo
Vos estorceis, e o som do que vos digo
Vai morrer longe em solitária gruta.


Que tendes, vegetais?... remorso?... crime?...
Açoita-vos o vento, como um bando
De fúrias e anjos maus, que nós não vemos?


Mas explicai-vos ou primeiro ouvi-me,
Que a um tempo assim braceando, assim gritando,
Assim chorando não nos entendemos.



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