quinta-feira, 30 de abril de 2020

#296 - NA ORLA DUM SONETO (Cristóvão de Aguiar)

assentado na orla dum soneto
ribeiro onde desliza minha mágoa
-- lá ando eu fugindo do concreto
num riacho discorre tão-só água.


fiz mal em começar com rima em eto
mais fácil a segunda, pois afago-a
afago-te no último terceto
em que no verso-chave não há régua.


entro neste terceto repousado
tenho já o soneto adiantado
apesar de uma rima pardacenta.


e agora ao chegar à fechadura
arranco estes botões de velha agrura
e grito -- é doce amar-te na berma dos cinquenta.



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